Telecomunicação comunitária e infraestruturas autônomas

[PT-BR]

Entre os fatores críticos no uso das ferramentas oferecidas, destaca-se a capacitação de tele-comunicar entre a comunidade e redes de comunidades; acesso limitado à Internet na zona rural e em lugares remotos, acesso restrito imposto por companhias e estados, garantia da integridade da informação, são algumas das questões mais relevantes. A transferência de dados, imagens, documentos pode constituir um problema, e são necessárias alternativas.

A Cooperativa Laboratório de Redes Livres - Coolab agrega diversas pessoas e projetos de telecomunicação comunitária fomentando infraestruturas autônomas, através da capacitação técnica e ativação.

Projetos foram desenvolvidos desde o interior de São Paulo até a Amazônia. Acesso ao wiki do coletivo: https://wiki.coolab.org/index.php/Wiki_Coolab

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Our friend @luandro should be able to share more about this when he’s back from the rainforest :slight_smile:

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Oi @chiroxiphiacaudata fico feliz com sua menção de infraestruturas de comunicação. Faço parte tanto da Coolab aqui no Brasil quanto do Digital Democracy.

As comunidades indígenas aqui tem grande necessidade de infraestruturas comunicação, tanto dentro de seus próprios territórios, para que lideranças locais possam unir forças e melhor se organizar; quanto para fora do território, para que possam buscar informação e também ter suas próprias vozes ouvidas, ao invés de serem intermediadas e tuteladas por ONGs e o estado.

Venho de uma experiência com redes mesh usando o LibreRouter, mas devido ao alto custo, complexidade e impacto de redes de WiFi, tenho trabalhado com redes mesh de baixo custo, consumo energético, velocidade e impacto usando LoRa e o projeto Meshtastic.

Junto às comunidades da Terra Indígena do Balaio acabo de fazer uma instalação desse tipo de rede que possibilitou o envio de mensagens de texto curtas entre 3 comunidades que estão a até 20Km umas das outras. Usamos apenas 4 rádios, que custam 30 USD cada, com alguns materiais extras como caixas de proteção e baterias, os equipamentos do projeto custaram no total menos de 200 USD (reciclamos um painel solar defeituoso doado pela comunidade). Um valor super baixo para o tamanho benefício.

A instalação desse tipo de infraestrutura é a parte mais fácil, o desafio agora são as comunidades aprenderem a usar essa tecnologia para fortalecer a organização interna do território e se apropriar dessa ferramenta.

Na Coolab também estamos nos aprofundando no uso de Intranets, ou servidores comunitários. Nessa instalação fizemos uso de Raspberry Pis, com HDs carregados de cursos, livros, mapas e material audiovisual com relevância para povos indígenas e suas lutas.

Para comunidades onde já existe conectividade esses servidores ajudam a aliviar o banda através de filtros de propagandas e aplicativos que permitem armazenar áudios e vídeos de serviços online como o Youtube. Também apresentam um espaço digital seguro onde a própria comunidade pode gerenciar o conteúdo que é apresentado.

Para comunidades onde a conectividade não chegou, esses servidores servem como um acesso a informação através de cursos, conteúdos relevantes e versões offline da Wikipedia por exemplo.

A cada instalação aprendemos como melhorar o servidor comunitário e o portal comunitário, para que esse espaço digital seja melhor aproveitado e apropriado pelas comunidades.

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Obg @luandro, acho magnífico o trabalho que vocês estão desenvolvendo com as comunidades.

Estes projetos estão se tornando cada vez mais significativos. Exemplos que eu tiro de minha própria experiência:

  • Uganda; necessidade de uma rede e sistema de comunicação seguros entre os Environmental and Human Rights Defenders para coletar e armazenar relatórios de abusos de direitos humanos e crimes ambientais, o que não depende de dados armazenados localmente em dispositivos particulares que tenham sido apreendidos pelas forças de segurança.

  • République démocratique du Congo (Província de Ituri); comunicação intra-comunitária e infra-comunitária dentro dos grupos indígenas sobre emergências. De modo particular no caso de ataques de milícias armadas em áreas remotas não atendidas por assistência humanitária contínua, e para fornecer instruções e informações sobre epidemias. A última epidemia de ébola na região, por exemplo, gerou abusos dos direitos humanos devido à desinformação ou à falta de informação nas florestas não atingidas pelos sinais das rádios comunitárias.

Obrigado por todos os projetos, links compartilhados e pelo trabalho feito até hoje! Uma boa base de conhecimentos para começar a fazer alguns testes.
Acho importante o tema que você levantou de que o verdadeiro desafio é a apropriação das ferramentas pela comunidade. Vocês desenvolveram alguma estratégia em particular, na fase de engajamento ou em outras fases?

Outra pergunta, vocês conhecem alguém que tenha desenvolvido projetos de infraestrutura similares na África Oriental?

Seguimos na luta

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